A entrada da Âmbar, empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista, na Eletronuclear, substituindo a Axia (antiga Eletrobras), traz à tona uma série de desafios financeiros e de gestão. A empresa enfrenta uma dívida significativa, que inclui compromissos com o BNDES e a Caixa Econômica Federal, totalizando R$ 6,1 bilhões, além de uma emissão de debêntures de R$ 2,4 bilhões para prolongar a vida útil de Angra 1. A Âmbar também se comprometeu a pagar R$ 535 milhões à Axia, apesar de analistas avaliarem a Eletronuclear como sem valor de mercado.
As usinas nucleares Angra 1 e Angra 2, localizadas no Rio de Janeiro, são fundamentais para a estabilidade energética do país. No entanto, a Eletronuclear está atolada em dívidas, com a construção de Angra 3 paralisada desde 2015 devido a investigações da Operação Lava Jato. A obra, que já consumiu R$ 12 bilhões e está 67% concluída, necessita de mais R$ 23 bilhões para ser finalizada, segundo o BNDES.
A Eletronuclear enfrenta um descompasso entre receitas e despesas, agravado pela privatização da Eletrobras, que antes fornecia suporte financeiro. A empresa busca ajustar tarifas para cobrir custos, mas enfrenta resistência da Aneel, que não quer repassar esses custos aos consumidores. Em 2022, a diferença entre despesas e receita foi de 38%, aumentando para 62% no ano seguinte.
Com um rombo estimado de R$ 600 milhões até o final do ano, a Eletronuclear está em uma situação crítica. A falta de uma liderança estável, após a saída do presidente Raul Lycurgo e do diretor técnico Sinval Zaidan Gama, agrava o cenário. A Âmbar, que anunciou o acordo, só assumirá todas as obrigações no próximo ano, enquanto o governo ainda não tomou medidas efetivas para resolver a situação.



